Mármore

SERVIÇO

Mármore – Teatro EVA HERZ – R. Sen. Dantas, 45 – Centro – Rio de Janeiro/RJ
De 14 de agosto a 5 de setembro de 2018
Terças e Quartas 19h
Duração: 60 min
Faixa etária: Livre
Ingresso: R$ 40,00 (inteira) e R$ 20,00(meia)



Mármore

“Mármore” estreia no Teatro Eva Herz e questiona a ditadura da felicidade na sociedade contemporânea

 Espetáculo teatral da Cia. De Bolso provoca o público a partir de um universo distópico em que a tristeza é marginalizada

Um mundo em que há uma pressão social para demonstrar alegria constante e qualquer sinal de tristeza é discriminado. Parece familiar? Radicalize um pouco mais essa lógica e terá a premissa da peça “Mármore”, com texto da Cia. De Bolso e direção de Gabriel Rochlin. O espetáculo teatral estreia no dia 14 de agosto no Teatro Eva Herz, no Centro do Rio, ás terças e quartas, às 19h.  A temporada vai até o dia 5 de setembro.

As crianças já nascem sorrindo e a diferença entre perfeição e realidade é quase imperceptível. Nesse contexto em que a melancolia é um sentimento marginal, o espectador acompanha a angústia de uma família que tenta manter as aparências enquanto o próprio bebê apresenta um desvio comportamental imperdoável: ele chora. Em meio à crise, o casal ainda tem que lidar com um compromisso social, um jantar com a irmã e seu marido. Durante o espetáculo, fragmentos do jantar se alternam com reflexões dos próprios personagens, confundindo projeções idealizadas e realidade. Cabe ao público interpretar esse retrato distorcido por mentiras e hipocrisias.

“Esses personagens são escravos nessa ditadura da felicidade, são seus próprios opressores. A vigília do comportamento do outro é constante, mas mais ainda é o controle de si mesmo. Eles não se permitem um deslize, não se permitem sentir demais”, esclarece Vitor Novello, que interpreta um dos personagens principais.

Fernanda Alice, que encarna a outra protagonista, já participou de processos de criação coletivos, como quando dirigiu a peça “É Sobre Você Também”. Ela acredita que pensar e fazer dramaturgia é uma forma de amadurecer em conjunto. “Quando escrevi a peça, me inspirei em um texto da filósofa Viviane Mosé. Ela diz que somos uma geração ‘infantiloide’, que não sabe sofrer. Nós nos medicamos, recorremos às redes sociais, tudo para fugir da realidade. Nós não temos que buscar o sofrimento, mas ele vem da vida e ele nos rasga. E ao nos rasgar, ele faz caber mais vida dentro de nós. Queríamos colocar uma visão absurda sobre essa prática de reprimir o choro, mas não sabíamos como, porque hoje é comum, as pessoas já quase não se permitem chorar. Então pensamos, ‘um bebê, essa é a saída’”.

O diretor Gabriel Rochlin assina o texto do espetáculo juntamente com os atores principais. Aos 22 anos, ele ressalta a importância sociocultural de ter uma peça em cartaz, ainda mais com uma temática tão atual. “A peça nasceu de um esquete, escrito pela Fernanda e pelo Vitor. A ideia é questionar essa repressão de sentimentos naturais da fragilidade humana em prol de uma imagem de felicidade falsa e ilusória. Ter uma peça em cartaz significa compor o cenário cultural de uma cidade, o que é uma responsabilidade enorme. O desafio é abordar a complexidade das consequências desse comportamento artificial do macro a partir do micro” afirma.

A novíssima Cia. De Bolso já nasceu com a vocação de retratar as questões de seu tempo. Formada em 2017 pelos atores cariocas Fernanda Alice, Gabriel Rochlin, Vitor Novello e Pedro Botafogo (músico) .A Companhia tem como principal característica a criação de universos alternativos. Esse distanciamento da realidade permite subverter as noções de “estranho” e “familiar”, aproximando a plateia do absurdo, e explorar temas latentes. O nome “De Bolso” é explicado pelos integrantes: “é onde guardamos as coisas mais íntimas”.

Fernanda Alice e Vitor Novello protagonizam o espetáculo.Fernanda começou sua formação em Teatro na New York FilmAcademy, em Nova Iorque,e trabalhou com profissionais renomados como Daniel Herz, Ana Kfouri, Eduardo Milewics e Helena Varvaki.Vitor tem uma trajetória consistente no teatro e na TV. Entre os trabalhos mais conhecidos, estão as novelas “Paraíso Tropical” e “Cheias de Charme”.  A direção musical fica por conta de Pedro Botafogo, multi-instrumentista que venceu o FestArte com a trilha sonora de Mármore.

Gabriel Rochlin, diretor, ator, dramaturgo e professor de teatro, é formado em Cinema na PUC-Rio e cursa Artes Cênicas na UNIRIO. Cursou teatro com Daniel Herz no “treinamento para atores” e por doze anos no teatro O Tablado, onde atualmente é professor assistente e co-diretor junto à Andreia Fernandes. Dirigiu n’O Tablado as peças “Beijo No Asfalto” e “Alerta Vermelho”, no FESTU os esquetes “Rosa Sangue”, “Coaching” e “Chão” e cinematograficamente os curtas “Urbem”, “Mute”, “Cinzas Urbanas” e “Asphyxia”.